No banco da praça da Rua Glória
jaz um cachaceiro
um vagabundo que nem mais sabia quem era.
"Que fedô!" - disse um
"Coitado..." - pensou outro
Logo esqueceu, poupando-se afinal.
No dia seguinte, a comoção do nobre poeta:
"No banco pichado de uma rua qualquer
morre um homem
um homem qualquer que morreu de fome
que teve seus dias contados incansavelmente
um
após
o
outro
era ele, a vida e sua garrafa de pinga,
era o nojo e o desprezo,
a vontade de ir pro céu."
De fato.
No banco pichado de uma rua qualquer
morre um homem
um homem qualquer que morreu de fome
que teve seus dias cantados inutilmente
artista
após
artista
O poeta finaliza:
"...E no banco morre um homem
todos a observar
Vem a chuva
traz o vento
caem folhas
passa o tempo".
Natalia Bonfim